mãe


quando a mãe terra
despertar para os timbres mais altos
estaremos todos envolvidos
e embebidos em seu puro amor
quando nossa mãe
nutrir os corações
seremos tragados
nem fome
nem sede
somente paz
nasceremos fortes
filhos da terra
e do sol
brotaremos
todos
juntos








meu sol


vejo-o
depontar
por trás das árvores
o coração floresce
com a brisa
da manhã
sinto a luz
suas mãos radiantes
buscam as minhas
sem se tocar
sinto tua presença
o teu calor me conforta
e sei que está
em tudo





o trem


cada um tem seu preço
todos têm seu lugar
passo os dias
esperando
que o futuro venha
me tire desse momento
e me leve
para os caminhos
onde encontrarei
as respostas
cada um tem seu jeito
de se perder
com o tempo
espero pegar
o trem
para bem longe
deixar aqui meu pesar
cada um tem seu momento
todos têm sua razão
hoje
escureceu mais cedo
Maria
aqui dentro
chove sem parar
vou me deitar
ali
na margem dos dias
esperando
a vida voltar




ao seu lado


à noite
peço que cante uma canção
que me acalme
e me faça dormir
peço que me acaricie
olhando em meus olhos
e me fale sobre
as cores do anoitecer
e quando
à noite
eu for sonhar com o rio
que passa e nos leva sem rumo
será da cor da noite
púrpura
como o brilho em seu olhar
e quando enfim
o dia surgir
deitado ao seu lado
despertarei
com o coração tranquilo













nuvens


é preciso desanuviar a mente
para ver o sol e o céu infinito
instintos arraigados
rasgam a tela dos dias
enquanto a chuva cai lá fora
cotuco as feridas
é o início da cura
nuvens pesadas
metálicas
aço flutuante
transmutam suas formas
e pressionam tudo o que existe
para baixo
um coração em fogo
vem me acolher
e vejo seus olhos flamejantes
tudo pára
num instante infinito
compreendo tudo
mas
as nuvens são pesadas
metálicas
aço flutuante
transmutam suas formas
e pressionam tudo que existe
contra o chão
e enquanto caminho
nos meus dias
é preciso sentir
e desanuviar a mente
para ver o sol e o céu infinito