marcas

Marquei-me com o ferro em brasa. Ainda sinto o cheiro de carne queimada. As lembranças vêm desprovidas de sentido. Surgem como ervas daninhas. Como conviver com isso? Os dias passam a me escorar como murros de arrimo. Mas o véu da noite me cega confortavelmente, sem que eu precise me condenar.
As fagulhas em brasa passam pelo meu corpo inerte, já não me fazem mal algum. Tudo está esparramado pelo chão. Tudo o que já tive, agora está acabado.

Saí daquele lugar com a cabeça em chamas. Minhas orelhas pareciam se desintegrar. Apalpei-as levemente e senti uma dor aguda percorrer meus dedos. O cheiro de pêlo queimado percorreu minhas narinas e desapareu no ar. Sentia-me sedento. Foi assim que comecei a me entender melhor.

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