absoluto


Vi em perspectiva o terraço. Olhei pra cima e o céu já estava púrpura. Como num relance um vulto passou por mim. Quem é? A casa estava vazia. Nada parecia estar ali. Pus as mãos na cabeça e comecei a pensar em flores, árvores, pássaros. Fiz tudo o que podia para fugir daquele momento. A imagem de um cão de boca aberta me persegue. Olhei para o horizonte e encarei a luz do sol. Não conseguia ver mais nada. Luz de mais cega a gente. Outro vulto. Entre as árvores uma sobra de mais de dois metros de cumprimento. Pude ver um caminho que levava até a rua. Um pé de lavanda me acordou com o seu cheiro cristalino. Vi suas escamas e das escamas brotaram conchas e das conchas brotavam pérolas. E das pérolas a dor. Estava sendo pulverizado. E a luz já não fazia sentido. Pois o sentido já era desconhecido. E estar já não era o bastante para saber. E o saber já não significava nada. Absolutamente o nada.

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