chuva

quem me dera ser céu
de manhã chover
de tarde estiar
de noite garoar
com minhas águas de chuva
lavar tudo
criança
velho
morto
todos
barraco
escadaria da catedral
a pele seca do lavrador
lavar sem diferença
pois sou chuva
e no estio dos dias
deixo que se assentem as partículas
deixo que repousem
os pingos nas folhas das árvores
e a noite
quando tudo estiver calmo e tranquilo
cairei lentamente
embalando o sono de quem dorme
o amor de quem ama
e aliviando a dor de quem sofre
quem me dera ser água neste mundo
árido

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